PF surpreendeu prefeitos de Porto, Eunápolis
e Cabrália com pedido de prisão, mandados de busca e apreensão. Os prefeitos Cláudia Oliveira, de Porto Seguro; José Robério Oliveira, de Eunápolis; e Agnelo Santos, de Santa Cruz Cabrália, se apresentaram à Policia Federal na quarta-feira para depor sobre as acusações de fraudes com verba pública.
Agnelo, que é irmão de Cláudia, apareceu no final da tarde de terça-feira, enquanto o cunhado e a irmã só no dia seguinte, para depor coercitivamente, depois da ameaça de decretação da prisão deles. Os três foram afastados do cargo pelo Tribunal Regional Federal da Região 1.
A prisão dos três prefeitos foi pedida pela Polícia Federal, mas o TRF-1 negou. Os investigados respondem por crimes de organização criminosa, fraude a licitações, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Robério já foi denunciado várias vezes na Justiça em outras ocasiões.
A PF cumpriu 21 mandados de prisão temporária de até 5 dias, 18 de condução coercitiva e 42 de busca e apreensão. Por conta do uso de familiares nas irregularidades, a operação foi batizada de “Fraternos”. As ordens judiciais foram cumpridas na Bahia, São Paulo e Minas Gerais.
Ciranda da propina
Ela alcançou parentes dos acusados, funcionários públicos das prefeituras e empresários. Segundo as investigações, desde 2009 Cláudia, Robério e Agnelo usavam empresas de parentes para simular licitações e roubar dinheiro público.
Os policiais dizem que foi organizada uma “ciranda da propina”, pelo rodízio que era feito entre as empresas envolvidas no esquema de corrupção para vencer as licitações e camuflar os crimes. Segundo a Polícia Federal, o trio é suspeito de fraudar contratos de R$ 200 milhões.
Em alguns casos, o valor contratado era repassado às empresas no dia em que as prefeituras liberavam o dinheiro. Após a contratação, parte era desviado através de “contas de passagem” em nome de terceiros, para dificultar a identificação do destinatário final.
Essas mesmas empresas eram usadas para a lavagem do dinheiro desviado. Em um dos casos, a empresa tinha como sócio um ex-funcionário de outra empresa do grupo criminoso, que teria investido R$ 500 mil na integralização do capital mas ganhava apenas R$ 800 na época.
Os contratos suspeitos foram mapeados pela PF, incluindo licitações para a contratação de bandas para festas. A origem do recurso será identificada quando a polícia conseguir os contratos, onde deve constar a fonte usada para o pagamento.