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manoel leal
20.Janeiro.2018

Morte de Leal: 20 anos e mandantes impunes

apesar do pedido do Ministério Público Estadual de reabertura do inquérito para investigar quem encomendou o assassinato do jornalista em 14 de janeiro de 1998. O pedido também é recomendação da Sociedade Interamericana de Imprensa, SIF e da Organização dos Estados Americanos, OEA.

Duas décadas depois do jornalista e fundador de A Região, Manoel Leal, ter sido executado a tiros na porta de casa, apenas um dos assassinos foi condenado, a 18 anos. Outro indiciado pelo crime, Marcone Sarmento, foi absolvido em um juri escandaloso, já anulado pelo TJ-BA.

O júri suspeito era composto por funcionários da prefeitura de Itabuna e de um sobrinho de Fernando Gomes, além de uma empregada e pessoas ligadas a Maria Alice Pereira, amiga íntima e protetora de Sarmento que, por sinal, ganhou cargo de motorista na gestão de Gomes.

Matérias bomba

Maria Alice, Fernando Gomes e o delegado de Salvador Gílson Prata, apesar dos indícios, nunca foram investigados como suspeitos de ter encomendado o assassinato de Leal, que os denunciava constantemente, com provas. A gota d’água foram as matérias de um mês antes do crime.

O jornal A Região revelou, em dezembro de 1997, com vários documentos, que o prefeito Gomes pagou a Gílson Prata e sua equipe para perseguir secretários da gestão anterior, seus desafetos e policiais que o incomodavam. Um ex-secretário morreu de infarto após ser humilhado.

O jornal mostrou que o delegado promoveu perseguição a ex-funcionários da prefeitura e vinha recebendo dinheiro por fora da prefeitura, apesar de ser servidor do Estado. Prata alegou que o dinheiro era legal, mas foi desmentido e perdeu a promoção para secretário de Segurança Pública.

Consequência

Um mês depois, por volta das 20h de 14 de janeiro de 1998, Manoel Leal era assassinado de forma covarde, com seis tiros pelas costas, ao chegar em casa. Testemunhas apontaram como executores Marcone Sarmento, Monzar Brasil e outro homem, Roque, que desapareceu.

Se eram grandes as provas e os rastros deixados pelos executores, maior ainda foi a habilidade da polícia em eliminá-las. Os delegados que assumiam o caso são acusados de manipular o inquérito para acobertar os executores e mandantes.

O primeiro delegado, Raimundo Freitas, sequer isolou o local do crime, apesar de ter passado na frente dele minutos após. Jacques Valois, enviado logo depois, manipulou provas e testemunhos, ignorou ações básicas de investigação e engavetou outro crime ligado ao caso.

Leia mais:
- Delegado Valois manipulou assassinato do taxista Popó.
- Recomendação da OEA ainda é ignorada pelas autoridades.