Delegado manipulou assassinato do taxista
Popó e foi desmascarado durante o julgamento de Thomaz Iracy, um bode expiatório escolhido a dedo para encerrar o caso e deixar os mandantes em paz. O delegado Jaques Valois (à direita na foto) tinha recebido do policial Figueiredo (à esquerda) uma informação essencial do taxista Popó.
Ele contara a Figueiredo que tinha pegado Marcone Sarmento no aeroporto e levado à casa de Maria Alice Araújo, logo cedo, no dia do crime. Marcone alegava estar em outro estado neste dia, por isso a informação era essencial.
Na delegacia, Valois tentou convencer Figueiredo a “esquecer” o que ouvira. À noite, apareceu na casa do policial para novamente insistir que ele deixasse omitisse a informação. Mas o policial foi adiante e prestou depoimento ao Ministério Público Estadual.
Dez dias depois, Popó apareceu assassinado, num crime nunca esclarecido. O irmão do taxista foi chamado, no meio da noite, para “recolher os pertences pessoais” de Popó, procedimento que nunca é feito desta maneira. Os bens são levados para perícia e busca de provas.
Cena do crime
Na prática, Valois desmontou a cena do crime com este procedimento e só pode ter sido intencional, já que qualquer delegado sabe que o local de um assassinato tem que ser preservado e isolado para que se busquem provas. O último delegado na apuração foi Gilberto Mouzinho.
Ele respondia a vários processos por comandar o tráfico de drogas e o roubo de carros no extremo-sul e, pressionado, disse que iria ouvir os apontados como mandantes, Maria Alice e Fernando Gomes, seu padrinho político, que lhe garantiu a nomeação como regional de Itabuna.
Os dois foram ouvidos à noite, em segredo, sem qualquer pergunta relevante. Já o promotor Ulisses Araújo não seguiu nem pediu investigações, assinou depoimentos como se estivesse presente sem estar, e não questionou alegações frágeis. Os três continuam na ativa.
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