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ralf vidal
25.Fevereiro.2017

A hegemona ideológica das universidades marxistas


Segundo o historiador David Priestland (2012), da Oxfor University, a partir de Karl Marx, o comunismo passou a estar envolto em uma cortina de romantismo quase poético. Foi este romantismo o responsável por fomentar nos adeptos do modelo marxista a certeza de uma única solução: a revolução.

O “romantismo ilibado”, muito típico na estrutura dos relacionamentos humanos, age como uma chama flamejante que incinera do campo perceptual toda e qualquer proposição contrária ao entendimento da realidade, para manter, no trono mor do coração apaixonado, uma imagem imaculada acerca do objeto adorado. Em outras palavras, quando se está apaixonado assim, até mesmo um sapo pode ser visto como um príncipe.

Não há segredo mais algum – a não ser àqueles que querem enxergar algum segredo – que as universidades do Brasil têm se convertido, sobretudo, em centros de estudos e militância marxista. Este reflexo programado de estratégias políticas, que sutilmente emergiu no campo social e ideológico do nosso país, não está além do que alguns livros nos ensinam. Vivenciamos um movimento estritamente hegemônico e unipartidário, estrategicamente delineado.

O pensar “fora da casinha” tornou-se praticamente impossível nos centros educacionais, pois o processo de ensino-aprendizagem nessas instituições transformou-se em um ciclo de retroalimentação das ideologias do espectro da esquerda política.

O movimento que se iniciou na escola de Frankfurt, na Alemanha, disseminou-se na Europa ao longo do século XX e influenciou não só no curso de formação do pensamento eurocomunista, como, também, na propagação do marxismo ao redor do mundo. Tal movimento teve como um de seus principais expoentes Antonio Gramsci, o famoso filósofo e jornalista italiano.

Centrado nas concepções de Marx e Friedrich Engels, Gramsci desenvolveu uma profunda análise do processo sociocultural que desencadeou uma verdadeira avalanche silenciosa e incontestável que propagou aos quatro cantos da ética, da política e da educação mundial a nociva agenda comunista “desconstrutivista” que viria a se chamar de marxismo cultural.

Como preso político do regime fascista italiano, Gramsci desenvolveu seus estudos entre meados da segunda e terceira décadas do século XX. As ideias centrais de suas discussões dirigiram-se a uma mudança no foco da aplicação do marxismo – da revolução por guerras a uma etapa prévia: a revolução intelectual.

Gramsci disse: “Nós vamos destruir o ocidente, destruindo sua cultura. Vamos nos infiltrar e transformar a sua música, sua arte e sua literatura contra eles próprios”. O interesse maior de Gramsci, ao contrário de outros revolucionários, era o de modificar as bases estruturais da educação em escolas e espaços públicos para então fomentar, de modo praticamente imperceptível, o espírito revolucionário de mudança radical na sociedade bem como o discurso ideológico marxista.

Modificando as bases educacionais, segundo Gramsci, nós iríamos defender as ideias marxistas de tal modo que, sem perceber, toda a proposição comunista entraria em nosso discurso: não mais como um elemento intruso, como aconteceu ao longo das revoluções, mas como um componente típico da nossa cultura, de nossa forma de pensar e enxergar o mundo.

O conceito de cidadania, então, entrou na práxis gramsciana como elemento estruturante do pensamento social para a manutenção da soberania do Estado – algo típico nas sociedades socialistas. Nesse sentido, um indivíduo só passa a ser considerado como tal, disponível a gozar de seus direitos, se e somente se estiver submetido às normas do Estado. O Estado passou a ser, pois, a condição sine qua non para o ser humano se fazer como tal no seu relacionamento com o mundo.

No Brasil, o pensamento de Gramsci obteve sucesso. Sua ideia central para destruir a cultura ocidental foi assimilada por Paulo Freire. Sobressaindo-se como liderança no campo pedagógico, Freire contribuiu enormemente para a aplicação da visão gramsciana de política e educação.

Na Pedagogia do Oprimido, por exemplo, Freire assumidamente propõe a modificação do panorama educacional e salienta a desnecessidade de se compreender conceitos básicos da estrutura de ensino-aprendizagem para inserir, em seu lugar, o discurso do “oprimido versus opressor”. Esse novo arranjo pedagógico, por sua simplicidade prática, atraiu muitíssimos professores, contudo, fragilizou a estrutura de ensino ao ponto de tornar-se uma máquina reprodutora de analfabetismo funcional.

Ao longo da carreira política de Fernando Henrique Cardoso (FHC) a agenda comunista gramsciana foi seguida firmemente. O ex-presidente chegou a considerar-se o principal discípulo de Gramsci no Brasil. Pouco a pouco, nos bastidores sombrios das decisões presidenciais e ministeriais, o marxismo cultural foi demolindo os pilares morais do país. Quando o Partido dos Trabalhadores (PT) assumiu o poder, o cenário à revolução estava pronto. FHC, contudo, condenou o PT por não ter assumido os riscos da revolução. Estes, então, preferiram o modelo leninista de governo.

O socioconstrutivismo no Brasil, que teve suas raízes interconexas com as ideologias gramscianas, sobreveio gradualmente ao longo dos últimos 30 anos em todas as esferas educacionais. O que se parecia com um método prático de ensino, mostrou-se como um sistema de reprodução ideológica.

O âmbito de estudos das ciências humanas, por exemplo, transformou-se em uma máquina copiadora para a disseminação, a todo o custo, da conjetura revolucionária. O sujeito foi fragmentado pelas ciências humanas e colocado na maré de associações do materialismo histórico dialético. O homem, multifacetado e multidimensional, infinito, foi transformado em um “Frankenstein”, para adequar-se a tais critérios.

O sucesso de Gramsci tornou impossível o debate franco e sadio em espaços públicos. Nossa cultural tornou-se planificada e há um desconhecimento profundo de tudo o que é oposto às concepções da esquerda. Os absurdos morais foram democratizados e a única oposição que se faz àquilo que está posto resume-se ao que a burguesia com fetiche em Marx considera como “conservador”.

Como um câncer corrosivo, o marxismo cultural desconstruiu e remodelou os princípios mais gerais de entendimento, percepção e conduta humanos. Gramsci criou uma liga de “imbecis úteis”. Destes, poucos estão lentamente despertando do sonho despercebido e que, ainda trôpego, inseguro e letárgico, buscam forças contra esta cultura opressora, niilista e perversa espalhada em todo o mundo.



Coluna do estudante de Psicologia Ralf Vidal.

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