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Caso Leal: 5 anos impunes
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4 de Outubro :: Caso Leal

Caso Leal: após cinco anos, enfim Justiça!

       MP Os relógios marcam 3 horas e 47 minutos da madrugada abafada de 28 de setembro de 2003 quando o juiz Marcos Bandeira começa a ler a sentença de condenação do policial civil Monzart Brasil pelo assassinato do jornalista Manoel Leal.
       O Fórum Ruy Barbosa está lotado e, do lado de fora, dezenas de pessoas acompanham pelos aparelhos de televisão aquele que os adeptos de frases óbvias qualificaram como "o maior julgamento da história de Itabuna".
       Bandeira anuncia a pena de Monzart que, a partir dali, rompe de direito o que na prática já havia rompido de fato: a fronteira entre a lei e a bandidagem. 18 anos de reclusão.
       A viúva de Leal, dona Wanda, desabafa: "começa a se fazer justiça". A filha Valéria não contém o choro e diz: "valeu a pena confiar na justiça".
       Justiça. Essa era uma quase obsessão dos parentes e amigos de Manoel Leal logo após seu brutal assassinato, no dia 14 de janeiro de 1998.
       O corpo de Manoel Leal mal havia sido enterrado e a polícia já dava o tom do que seriam as investigações. O local do crime não foi preservado e o delegado de plantão, Raimundo Freitas, foi logo declarando que o jornalista tinha uma legião de inimigos. Portanto, um crime quase impossível de solucionar.
       O delegado regional Jacques Valois assumiu o comando das investigações e concluiu o inquérito em agosto de 1998 sem indiciar ninguém, alegando falta de provas.
       O inquérito teria outro rumo caso Valois desse ouvidos ao ex-agente Roberto Figueiredo, que lhe comunicou ter visto Marcone Sarmento e Monzart Brasil nas proximidades da casa de Leal na ocasião do crime.
       Marcone e Monzart, um ligado a Maria Alice e Fernando Gomes, outro ao delegado Gilson Prata (que vinham sendo alvos de denúncias feitas pelo jornal A Região), foram citados pelo Ministério da Justiça como responsáveis pela morte de Leal, com base numa investigação feita pela Polícia Federal. Ao lado deles, aparecia Roque Souza, um informante policial.
       Valois não apenas ignorou Figueiredo e o Ministério da Justiça, como embaralhou as investigações ao incluir no rol de suspeitos Thomaz Iracy Guedes, que surgiu do nada para aparecer como motorista da caminhonete que transportava Marcone e Monzart.
       INTERNACIONAL
       A displiscência do delegado Valois indicava que os mandantes tinham a certeza da impunidade, impressão que o inquérito concluído sem indiciar ninguém deixou evidente.
       O que não se contava era com a repercussão do crime. Manoel Leal foi o décimo profissional de imprensa assassinado na Bahia na década de 90.
       Os jornais A Tarde e A Região cobravam constantemente a punição dos responsáveis, conseguindo mobilizar a Sociedade Interamericana de Imprensa e a ONG Repórteres Sem Fronteiras.
       A SIP e a RSF enviaram observadores ao Sul da Bahia. Os relatórios, divulgados em todo o mundo, mostraram as deficiências nas investigações, após ouvir as testemunhas e autoridades, e apontaram com clareza os nomes de Monzart e Marcone, além de citar Gilson Prata, Maria Alice e Fernando Gomes como maiores interessados na morte de Leal.
       A Associação Nacional de Jornais passou a exigir a apuração rigorosa do crime.
       Uma série de matérias foi publicada pelo jornal A Tarde em abril de 2000 e, logo em seguida, a promotora Cintia Portela solicitou a reabertura do caso.
       O delegado Gilberto Mouzinho, que substituiu Valois, manteve a inépcia policial, mas a Promotoria de Justiça conseguiu elementos suficientes para indiciar Marcone, Monzart e Thomaz Iracy pelo crime.
       Contribuíram para isso depoimentos contundentes de Roberto Figueiredo e da professora Joelma. Esta viu Marcone dois dias antes do crime rondando o portão da casa de Leal e viu Monzart atirar no jornalista.
       Apenas Thomaz permanecia como personagem nebuloso na história.
       ENFIM, O JULGAMENTO
       À dedicação do Ministério Público somou-se a firmeza do juiz Marcos Bandeira, que desafiou a lógica da impunidade reinante até então e marcou os julgamentos de Thomaz e Monzart.
       Marcone, foragido, continua com o processo suspenso, mas vai a juri assim que "deixar de ser invisível para a polícia de Itabuna" (as aspas dizem tudo) e for preso.
       26 de setembro de 2003. Mais de cinco anos depois. Os promotores Cássio Marcelo e Márcio Fahel, auxiliados pelo advogado Tílson Santiago, começam a inscrever seus nomes na história, juntamente com o juiz Marcos Bandeira, sereno, imparcial, duro quando necessário.
       Thomaz Iracy, envolvido com roubo de cargas, reescreve por linhas tortas e trágica (teve dois filhos mortos pela polícia que procurava forjar provas para incriminá-los pela morte do jornalista) a história do bom ladrão.
       Era tão inocente no caso de Leal que até a promotoria pediu sua absolvição, acatada pela unamimidade dos jurados.
       Madrugada do dia 28 de outubro de 2003. O juiz Marcos Bandeira acaba de ler a condenação de Monzart Brasil. Parentes e amigos de Leal sorriem, ainda que fosse um riso de desabafo, não de exultação.
       A palavra Justiça deixava de ser uma obsessão, que muitas vezes pareceu ser um sonho impossível, para se tornar uma realidade.
       Os primeiros raios de sol que na manhã primaveril de sábado iluminavam uma Itabuna aliviada pareciam anunciar não apenas um novo dia, mas um novo tempo.
      
       Por Daniel Thame, jornalista e ex-editor de A Região.

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