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10 de Janeiro de 2004

Carmen Modesto, ex-diretora do CCAF
"A Fundação Cultural precisa enxergar o interior"

       diz nesta entrevista a ex-diretora do Centro de Cultura Adonias Filho, Carmem Modesto. Às vésperas de completar 13 anos no cargo, ela foi exonerada e substituída por Luize Marques Santos, uma indicação do deputado estadual Pedro Vicente Egídio.
       Além de cobrar uma presença maior da Fundação Cultural da Bahia no interior do Estado, Carmem critica o preconceito contra os artistas locais, mas chama a atenção para a falta de profissionalismo de alguns grupos.
       Em seu apartamento, que fica em frente ao Centro de Cultura, ela diz que saiu na hora certa, sem desgaste. Considera sua substituição um fato normal, já que ocupava um cargo político, e que fez quase tudo que sonhou para o CCAF.

A Região - Como foi o início de sua ligação com o meio cultural?
       Quando o Centro de Cultura foi inaugurado, na gestão do ex-governador João Durval, eu fui convidada para ser a coordenadora do órgão. Eu e Roberto Berbert, que era então o diretor, ficamos no Centro de Cultura nos dois últimos anos da gestão de João Durval. Naquela época, o Centro não tinha quase nada e para trabalhar nós até precisávamos levar móveis nossos. Conseguíamos fazer alguma coisa, mas muito precariamente.

AR - No dia 11 de dezembro o Diário Oficial publicou sua exoneração, mas esta não é a primeira vez que a senhora deixa o Centro.
       Eu fiquei até o fim do governo de João Durval e estive fora durante a administração de Waldir Pires, retornando quando Antônio Carlos Magalhães passou a governar a Bahia, em 1991. Já com um respaldo maior, fui chamada para assumir a direção do Centro, que por sinal estava do mesmo jeito como havíamos deixado cinco anos antes, sem nenhum avanço.

AR - O que foi realizado a partir daí?
       Eu entrei para fazer um trabalho de maior aproximação do Centro com a comunidade, com uma efetiva participação da classe artística. Foi então que nós conseguimos equipar o Centro de Cultura com som, iluminação e mobiliário. Estimulamos os artistas a utilizar o espaço, minimizando os custos, o que fez com que o Centro de Cultura se tornasse realmente uma casa para os artistas. Trabalhamos com todas as linguagens artísticas, viabilizamos exposições, peças, contando muito com o apoio do empresariado. Implementamos cursos de teatro, trouxemos os salões de artes plásticas.

AR - A que a senhora atribui essa permanência de 13 anos na direção?
       Eu considero que a minha permanência duradoura na direção do Centro de Cultura se deve ao fato de que nós nunca utilizamos aquele espaço para fins políticos. Nós fizemos política cultural, o que aliás sempre foi a orientação da Fundação Cultural da Bahia.

AR - O Centro de Cultura sempre necessitou da iniciativa privada. A senhora não acha que falta um apoio mais expressivo do poder público?
       O Centro de Cultura depende muito da iniciativa privada, assim como todos os espaços culturais, inclusive nos grandes centros. Ainda existe uma carência muito grande, até por conta do preconceito contra os artistas locais. As pessoas se esquecem de que artistas que já trabalharam conosco fazem hoje sucesso lá fora, como Eva Lima, Osvaldinho Mil, Jackson Costa, entre outros. É preciso dar condições para que os nossos artistas apareçam e eu sempre busquei garantir esse espaço.

AR - Como esse preconceito contra os artistas locais se manifesta?
       Quando algum produtor traz uma peça de fora, é muito mais fácil conseguir, por exemplo, patrocínio para hospedagem, alimentação... Mas quando o artista é local, aí a dificuldade impera. É triste, porque aqui nós temos talentos fantásticos em todas as linguagens artísticas, não apenas no teatro.

AR - Será que o poder público não deveria ter uma presença mais decisiva no incentivo aos artistas?
       Sem dúvida, e isso foi uma cobrança nossa durante toda a gestão. A Fundação Cultural é um órgão que tem tudo para prestigiar os artistas, mas ela passou um tempo grande parecendo que era “Fundação Cultural de Salvador”. Ela fez alguma coisa no interior, mas poderia ter feito muito mais.

AR - Durante algum tempo, a senhora investiu em um trabalho de formação de platéia. O que faltou para produzir melhores resultados?
       Faltou credibilidade ao artista local. A maioria das pessoas, quando sabe que a peça é daqui, nem paga para ver e analisar. E tem o outro lado da moeda. Também temos coisas muito ruins, grupos que não tinham a mínima capacidade e continuam sem ter, ainda com aquele espírito amadorístico de colégio, que não funciona mais num espaço como Centro de Cultura. Isso também fez com que as pessoas desacreditassem. Ainda temos grupos que são amadores no mais baixo sentido da palavra.

AR - Temos artistas com pouco talento, mas também temos muita gente boa. O que a senhora destaca como mais positivo?
       Eu acho a produção musical de Itabuna simplesmente fantástica. A dança também está muito bem, porque nós temos boas academias. Nas artes plásticas, somos excelentes. No teatro é que eu acho que ainda estamos mais fracos, principalmente no teatro adulto. Outra área que considero fraca, mas por falta de apoio, é o artesanato. Acho que os nossos artesãos estão completamente abandonados.

AR - A senhora fazia críticas à atuação da Fundação Cultural do Estado. Como elas eram recebidas?
       A Fundação sempre foi muito aberta e sempre deu aos dirigentes culturais muita liberdade. Quando aconteciam os seminários, era exatamente para se fazer essas colocações e cobranças. O problema é que as reclamações foram feitas durante 13 anos e nesse tempo todo pouca coisa foi consertada.

AR - Que projeto a senhora visualizou para o Centro de Cultura há 13 anos?
       Eu visualizei o Centro de Cultura mais ou menos como ele é hoje, só que um pouco melhor. A intenção era dignificar a classe artística oferendo-lhe um bom espaço, que os artistas e a comunidade se sentissem orgulhosos de freqüentar. É lógico que tínhamos pretensões muito maiores, mas muito do que a gente planejou foi realizado.

AR - Quando a sua saída foi anunciada, houve reação no meio cultural, inclusive com manifestações públicas.
       No dia em que eu entrei no Centro de Cultura, já sabia que iria sair um dia. Eu estava diretora do Centro de Cultura, porque é um cargo em que se pode ficar 13 anos como eu fiquei, mas também se pode ficar um ano. Nunca tive essa preocupação de fazer com que o meu cargo fosse eterno, meu grande interesse era fazer um trabalho com dignidade. Para mim, foi muito boa essa saída agora, com o reconhecimento manifestado pelos artistas.

 

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