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20 de Março de 2004

Isidoro Gesteira, presidente do Sindicato Rural de Ilhéus
"A Ceplac errou tentando acertar e o produtor ficou endividado"

       sem recursos para pagar as dívidas e muito menos pegar financiamentos para diversificar a lavoura. A afirmação é do presidente do Sindicato Rural de Ilhéus, Isidoro Gesteira, que está propondo como solução a anistia das dívidas referentes às etapas 1 e 2 do Plano de Recuperação da Lavoura Cacaueira.
       Nessa entrevista Isidoro Gesteira relata a situação crítica que o produtor atravessa e a possibilidade de piorar ainda mais caso não sejam adotadas medidas visando a anistia. Defende o cacauicultor afirmando que ele não é mau pagador.
       Apesar de tecer algumas críticas às pesquisas feitas pela Ceplac no início da crise da cacauicultura, ele garante que o órgão é um dos mais bem equipados da América Latina.

A Região - Por que anistiar os débitos do Plano de Recuperação da Lavoura Cacaueira?
       A primeira e segunda etapas do Plano não funcionaram como se propunha, pois foram aplicadas técnicas paliativas que não resolveram. Nos orientaram a fazer poda e a retirada da vassoura-de-bruxa, o que não resolveu o problema da produção. Foi importante para dar esperança ao produtor, que estava desacreditado, mas o dinheiro que veio foi mais para manter essa esperança viva. Por outro lado acabou endividando o produtor, que nem pode pagar a dívida antiga nem pegar novos financiamentos.

AR - OPor conta dos erros das etapas 1 e 2, os produtores estão mais endividados que antes?
       Sem dúvida. O produtor pegou recursos que não resolveram o problema da lavoura, ficou endividado e não pode pegar mais recursos nem outro tipo de financiamento. O produtor seguiu todas as orientações que foram passadas pelos órgãos técnicos. Se não deu certo, a culpa não é do produtor. Não estamos aqui para apontar culpados, mas os produtores não podem pagar por esses erros sozinhos.

AR - E as etapas seguintes, a 3 e a 4, deram certo?
       Deram. Já tinham outro objetivo, que foi a clonagem. Esse sim deu resultados. Na primeira e segunda etapas, por exemplo, a Ceplac nos mandou plantar o Teobahia, uma planta que hoje nem a própria Ceplac recomenda. Tudo isso foram encargos, despesas que o produtor teve e que não surtiram efeitos.

AR - Nesse caso a Ceplac errou nas pesquisas?
       A Ceplac errou tentando acertar, Foi como se tivesse um paciente em estado grave e que precisava de cuidados urgentes. Era preciso manter esse paciente vivo, mas não curaram esse doente. Foi o que aconteceu nas etapas 1 e 2 do plano, que não curou nem resolveu o problema da lavoura. Por isso é que digo que o produtor não pode pagar sozinho.

AR - Resolver esses débitos das etapas 1 e 2 é uma das prioridades para a lavoura?
       O endividamento do produtor não deixou que ele tivesse acesso aos novos créditos. De nada adianta o crédito se o produtor não tem garantias. Por isso nosso débito é importante. É preciso resolver o problema da 1ª e 2ª etapas do plano porque senão o produtor não terá acessoa novas linhas de crédito. Em junho está vencendo outra parcela de juros do PESA da 1ª e 2ª etapas e o produtor que não pagar vai entrar numa bola de neve de dívidas da qual não conseguirá mais sair.

AR - O produtor não paga porque não pode ou é mesmo um mau pagador?
       O produtor não é mau pagador. Tanto que hoje, segundo o próprio Banco do Brasil, 80% dos produtores que pegaram crédito estão pagando em dia. Talvez porque quando pegam a 4º etapa, ao invés de aplicar na sua propriedade, estão pagando ao banco, com medo dos juros. Acontece que hoje não tem juros, mas vai ser difícil manter essa adimplência por causa do acúmulo de prestações.

AR - Do que se depende para que a anistia de fato aconteça?
       A anistia depende exclusivamente de um trabalho político junto ao Ministro da Agricultura, que está ciente do problema, e também das lideranças que têm influência para tentar sensibilizar o Governo Federal.

AR - Muitos políticos falam sobre a anistia, porque nada acontece?
       O ideal é que a região cacaueira, antes de votar, procurasse pessoas mais comprometidas com o cacau. Nós temos recebido a atenção dos deputados Paulo Magalhães, Josias Gomes e Gedel Vieira Lima, que têm discutido e levantado a questão do cacau. Gostaríamos que outros deputados e lideranças viessem abraçar a região, porque aqui temos, além da nossa importância econômica, a maior diversidade de plantas da Mata Atlântica.

AR - A anistia seria portanto uma das soluções imediatas para esse problema?
       A anistia ajudaria muito porque o produtor começaria a se preocupar com a 3ª e 4ª etapas que já pegou. Abriria as portas para receber novo dinheiro e com isso investir mais na sua propriedade, gerando mais emprego e prendendo o trabalhador no campo, resolvendo o grave problema do êxodo rural provocado pela crise, que acabou levando o trabalhador para as cidades mais próximas, sem emprego, criando favelas, aumentando a violência e gerando um grave problema social.

AR - Não há casos de produtores que usaram o dinheiro do Pesa para outros fins?
       Não. Essa idéia de que o produtor não trabalha e que investe fora da sua região talvez tenha sido no passado e com um pequeno número de cacauicultores, pois em todas as classes tem sempre aqueles que cometem erros. Os produtores que estão aqui hoje lutam pelo cacau. São pessoas que acreditam na região e que tentam, a todo custo, salvar suas propriedades.

AR - Dá para tirar uma lição da crise provocada pela vassoura-de-bruxa?
       A vassoura-de-bruxa foi terrível para a região cacaueira mas, por trás de todo o mal que causou, tem algo de bom, pois fez com que o produtor conhecesse melhor sua propriedade. Além disso, melhorou o comércio porque fez com que as pessoas buscassem alternativas na agricultura, com investimentos na fruticultura. Esse foi o lado bom.

AR - Comprar fazenda de cacau ainda é um bom negócio?
       Quem comprou fazenda de cacau nesse período de crise fez o maior investimento que poderia ter feito, pois o cacau saiu de R$ 500,00 o hectare e hoje já fica em torno de 4 a 5 mil reais o hectare. Quem acreditou e acredita na lavoura fez um excelente negócio.

AR - Apesar da crise, ainda se pode chamar o Sul da Bahia de Região Cacaueira?
       Na minha opinião, a principal atividade econômica da região é o cacau. Em Ilhéus, por exemplo, que tem praias, o turismo ainda é coisa muito primária. A lavoura é a mola-mestra do Sul da Bahia. E o cacau tem influência direta em vários outros segmentos, como comércio e até turismo, já que grande parte da história da cidade, contada no mundo inteiro, que atrai os turistas é ligada ao cacau. Temos por exemplo três novelas gravadas na região e todas elas estão ligadas ao cacau.

AR - Não seria injusto com outros segmentos conceder uma anistia para o cacau?
       O agricultor não tem culpa dessas dívidas. É a vítima de tudo. Se alguém tem culpa, não é o produtor. Se a agricultura no Brasil fosse levada a sério o produtor, além de não pagar, ainda teria que ser indenizado porque o cacauicultor cortou sua plantação antes dos clones começarem a produzir. Ficou sem recursos no momento em que mais precisava e as dívidas se acumularam. Além disso, plantou o Teobahia, uma planta que hoje não é recomendada. O produtor está sempre se submetendo a testes de cobaias.

AR - Apesar dos erros, dá para confiar nas pesquisas realizadas pela Ceplac?
       Sem dúvida. A Ceplac é muito importante e é motivo de orgulho para nós. É um dos mais bem preparados órgãos da América do Sul. E hoje, sempre que queremos conversar com a Ceplac, temos acesso e todos nos recebem com boa vontade para atender o produtor. Basta que o produtor procure mais a Ceplac e possa usufruir, pois lá tem toda tecnologia de ponta.

 

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