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15.Fevereiro.2003

"Linha de crédito para pequenas empresas só existe na imprensa"

- diz o presidente da Associação das Pequenas e Microempresas de Itabuna (Apemi), Levy Ganem Andrade. Ele afirma que as informações divulgadas não correspondem a realidade dos pequenos negócios, que enfrentam todo o tipo de discriminação dos agentes financeiros do país. Levy acredita também que rápida falência das pequenas e microempresas se deve a falta de políticas dos poderes públicos municipais, estaduais e federais. "Eles não desenvolvem uma política bem estruturada para o setor", reclama.
       Para o empresário a verdade é que, na prática, não existe dinheiro para os pequenos negócios. "Quando há uma linha de crédito são tantos entraves que não temos como ter acesso aos recursos. Para conseguir financiamentos o pequeno empreendedor tem que estar arrumadinho, com saldo médio bancário bonitinho e o nome não constando na Serasa nem SCPC."

       Levy, que está no final do seu mandato (que termina em março) frente à Apemi, entidade que hoje reúne 150 associados locais, diz ainda que quem adquiriu financiamentos do Banco do Nordeste - no meado da década de 90 - ficou atolado em dívidas e foi à falência por falta de apoio técnico.

       Por volta de 1996 o banco concedeu empréstimo a diversas pessoas que faziam parte do Pólo de Confecções e Calçados de Itabuna, que estava situado na Avenida do Cinqüentenário. O projeto não deu certo, a maior parte dos financiados quebrou e até hoje não pagou a dívida contraída com a instituição financeira.

A Região - Por que é muito difícil a pequena empresa dar certo no Brasil?
Levy Ganem Andrade - A falta de apoio dos poderes públicos, que não desenvolvem uma política bem estrutura para o setor, é a grande responsável pela pouca vida útil da maioria das pequenas e microempresas brasileiras. Sabemos que é muito difícil uma pequena empresa sobreviver por muitos anos, o índice de mortalidade é alarmante. Um ponto positivo é que ao mesmo tempo que algumas empresas fechas as suas portas outras iniciam suas atividades.

AR - Vocês reclamam muito que as pequenas e microempresas são discriminadas...
LG - Existe uma política discriminatória. A rede privada não tem nenhum interesse em trabalhar com os pequenos negócios nem fazer operações envolvendo quantia mínima. Além disso, as exigências que eles fazem para conceder o crédito não nos dão condições de atendê-las. Até certo ponto eles têm razão, pois no sistema capitalista fecha negócios quem apresenta a melhor proposta, ou seja, vela a política dos que oferecem mais pelo produto. Por isso, as pequenas e microempresas vêm tendo dificuldade de acesso as linhas de crédito.

AR - O que necessário para que essas empresas superem a barreira da discriminação?
LG - O estatuto da pequena e microempresa determina que nós tenhamos um tratamento privilegiado, principalmente no que se refere ao acesso às linhas de crédito, mas na prática isso nunca funcionou. Estamos pressionando para que o governo elabore uma política e obrigue as instituições financeiras a cumprir o que já existe no nosso estatuto, pois só assim as pequenas e microempresas vão crescer e empregar milhares de trabalhadores.

AR - Ao que se deve essa distância entre a teoria e a prática?
LG - Em parte, porque muita coisa ainda falta ser regulamentada no estatuto da pequena e microempresa. Enquanto isso não acontecer, as leis existentes continuarão sendo desobedecidas e os pequenos, que são os maiores empregadores do país, discriminados e tendo dificuldades em manter as empresas funcionando.

AR - As pequenas empresas sempre alegam dificuldades em obter financiamento, o que o senhor espera com essa mudança de governo?
LG - Temos muita esperança no desenvolvimento de uma política mais voltada para as pequenas e microempresas. Sabemos que não ocorrerá a curto prazo, mas existe um ponto interessante: o governo vem demonstrando a intenção de implantar políticas que nos beneficiam. Para superar essa fase de recessão e aumentar a renda do povo brasileiro, com mais empregos para a população, os investimentos devem ser feitos nas pequenas e microempresas.

AR - Quais as linhas de crédito disponíveis para as pequenas e microempresas regionais?
LG - Posso assegurar que na imprensa existem diversas linhas de créditos. Mas a nossa realidade é outra e não é o que os veículos de comunicação divulgam. A verdade é que, na prática, não existe dinheiro para os pequenos negócios. Quando há uma linha de crédito, são tantos entraves que não temos como ter acesso aos recursos. Para conseguir financiamentos o pequeno empreendedor tem que estar arrumadinho, com saldo médio bonitinho, não constar o nome na Serasa, no SCPC.

AR - Mas nome limpo na praça é essencial em qualquer comércio...
LG - Sim. Mas hoje vivemos um momento de enormes dificuldades e até mesmo as grandes empresas não têm condições de apresentar essas garantias. Não é só o setor privado que não consegue honrar seus compromissos em dia, não, os municípios, estados e a União também vivem esse dilema. Diante desse quadro as instituições financeiras deveriam ser mais flexíveis com os pequenos negócios. A situação é tão critica que hoje a inadimplência é uma das palavras mais conhecidas no país, sendo que há 10 anos muita gente tinha de pesquisar o seu significado no dicionário.

AR - Vocês reclamam das dificuldades de se obter financiamentos, mas no meado da década de 90 o Banco do Nordeste abriu uma linha especial de crédito com diversas vantagens para os pequenos negócios.
LG - A linha de crédito do Banco do Nordeste ainda existe para os pequenos negócios, mas não oferece lá tantas vantagens assim. De nada adianta o governo oferecer crédito sem apresentar um projeto dando condições para que o empresário passe por um curso de reciclagem e também tenha condições de pagar a dívida. O financiamento concedido pelo Banco do Nordeste naquela época (1996) não foi para as pessoas tocarem seus negócios individualmente, mas para um projeto chamado de Pólo de Confecções e Calçados de Itabuna.

AR - E por que não deu certo?
LG - Porque faltou suporte técnico, pois muita gente tinha vontade de trabalhar, mas não conhecia o mercado, isso inviabilizou muitos negócios. Pelo que foi apresentado aos interessados, o banco e o Sebrae iriam oferecer esse apoio para que fosse montada e tocada a empresa, o que nunca ocorreu, sendo que as pessoas encerram suas atividades atoladas em dívidas e sem condições nenhuma para honrá-las. Quando se falou no projeto do Pólo de Confecções para Itabuna entendia-se que o financiado fosse receber assistência técnica para criar uma estrutura de pólo industrial que facilitasse a comercialização dos produtos.

AR - Na prática como o projeto funcionou?
LG - Sem o mínimo de apoio, com as pessoas tentando a sobrevivência individualmente. Quem foi contemplado com o financiamento teve que se virar sozinho para buscar matéria prima, mão-de-obra e mercado. Houve caso de pessoas que sabiam usar a máquina, mas não conseguiam comercializar a produção. Não tinha como dar certo. Além disso, no mesmo período também foram liberados empréstimos para o comércio de confecções em todo o país. Concorrência grande para uma pequena demanda.

AR - Esse foi um dos fatores para que as pessoas acabassem endividadas.
LG - Sim. A curto prazo os negócios não deram o retorno que muita gente esperava. Na euforia, as pessoas apostaram tudo no Pólo de Confecções e Calçados de Itabuna e acabaram se endividando, sem poder honrar os compromissos com o banco. Avalio que o erro não foi cometido por quem contraiu o crédito, mas pelas pessoas que elaboraram o projeto.

AR - Qual o principal erro do idealizador do projeto?
LG - Foram dois fatais: não ensinar as pessoas a forma de atuar no mercado e ter financiado o mesmo tipo de negócio para quase todo o país. Na época, o Banco do Nordeste liberou crédito para o ramo de confecções e calçados em praticamente todas as cidades de médio porte do nordeste. Resultado: quase todas as pessoas que tomaram empréstimo quebraram.

 

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