Filme
foi realizado em um Pentium
por Marcelo Masagão
Fiz este filme em minha
favelinha. É o nome que dou para o meu dual Pentium 240 MHZ com
126 de RAM, 28 GB de disco e uma placa digitalizadora chamada Perseption.
O software utilizado foi o Speed Razor 3.5 - muito bacana e eficiente.
Chamo tudo isso de favelinha
porque é um sistema de edição não-linear que
custou exatos U$ 7 mil há cerca de três anos. Muito pouco,
se comparado aos sistemas profissionais que vejo nas produtoras de amigos
- cujo custo médio não é inferior a U$ 50 mil.
Apesar de seu custo
diminuto, a taxa de compressão é de 2:1 com saídas
componente S-Video e composite. Não funciona em tempo real - o
que no meu caso não foi um grande problema pois tive mais de 18
meses para fazer o trabalho e podia deixar meus projetos de edição
renderizando à noite.Tudo isso quando a Eletropaulo deixava.
A grande questão
que estes e outros sistemas de edição e captação
não-linear colocam é uma possibilidade real de se produzir
diminuindo muito o custo de produção. Por exemplo, calculei
que, neste trabalho, a máquina trabalhou cerca de 2 mil horas editando
o filme. Como ela custou U$ 2 mil, então o custo de cada hora de
edição foi de U$ 1. É um custo benefício muito
bacana. Se for pensar em termos de captação a coisa fica
ainda melhor. Acho que a película caminha a passos largos para
ser uma nostálgica peça de museu.
Alguns filmes de sucesso
como Festa de Família (de Thomas Vintenberg, dinamarquês
signatário do Dogma 95) já apontam neste sentido. Foi todo
feito com uma camerazinha digital destas que os pais filmam seus filhos.
Com o aumento de qualidade e a queda do preço, muito cedo filmar
em película será exceção à regra. Imagine
poder captar uma infinidade de planos e contraplanos sem ficar preocupado
com os custos de produção. Estaremos gastando só
o equivalente a U$ 30, o preço de uma fita digital.
A grande questão
que fica independentemente dos meios técnicos que utilizamos é
a questão do roteiro, o que dizer e como dizê-lo.
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