Na semana oficial do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil o Portal OhaYO! relembra os desenhos animados orientais que foram ao ar na TV brasileiras nos anos 60 e abriram o espaço para que sucessos como “Os Cavaleiros do Zodíaco” e “Pokémon” entrassem de vez para a nossa cultura pop e ficassem para sempre no imaginário popular.
Orientalização dos meios
A televisão se popularizou no Brasil em meados dos anos 60. Antes disso, apenas pontos estratégicos como o jóquei clube paulistano e grandes estabelecimentos possuíam seus aparelhos televisores, o que atraia uma grande multidão de espectadores loucos para saciar a curiosidade diante da novidade trazida do exterior. Já em 1963, o investimento estrangeiro de grandes indústrias cresceu e graças ao apoio do governo militar (talvez uma das poucas coisas boas da época da ditadura), os custos de produção de eletrodomésticos diminuíram bastante e televisões foram produzidas em grande escala.
Os primeiros programas infantis eram apresentados por palhaços que animavam uma platéia, geralmente ao vivo. Logo, aquisições de desenhos animados foram surgindo e já no fim dos anos 60, “Pica-pau”, “Tom e Jerry” e trabalhos dos estúdios Disney eram exibidos na íntegra.
A invasão dos desenhos japoneses foi um pouco estranhada pelos brasileiros. As crianças não estavam acostumadas com os personagens expressivos e de olhos grandes e demorou para que houvesse uma aceitação total. Mesmo assim, os executivos de grandes emissoras como a TV Tupi (primeiro canal de televisão no Brasil), procuraram pelo recente fenômeno das animações japonesas e resolveram trazer essas produções ao Brasil.
Recapitulando...
“Homem de Aço”
Nome no Brasil: “Gigantor - Homem de Aço”
Nome no Japão: “Tetsujin 28 go”
Data de estréia no ocidente: 1966
Criador: Mitsuteru Yokoyama
A TV Tupi foi aparentemente a primeira emissora a iniciar trazendo desenhos do oriente. O Homem de Aço (não é o Super-Homem) já fazia um relativo sucesso nos Estados Unidos e partindo da idéia de americanização, ele foi importado para o Brasil. A trajetória e o número de episódios exibidos no nosso país são incertos uma vez que não há uma informação concisa (já que a TV Tupi se extinguiu em 1980) se a versão trazida para cá foi a japonesa ou a americana. No Japão, a série teve 96 episódios (divididos em duas temporadas) mais uma versão colorida, de 51 capítulos.
Depois do ‘boom’ de Astroboy nas televisões de todo o mundo, “Gigantor” foi o anime mais exportado da época e rendeu um bom sucesso nas telas brasileiras. Ele conta a história de Shotaro Kaneda (ou Jimmy Sparks), que pode enfrentar o crime com a ajuda de um enorme robô, controlado por controle remoto. A série era futurista para a época e se passava em um avançado ano 2000, em uma ilha remota.
Com animação em branco e preto e produzida pelos estúdios TCJ Animation Center (extinto), seu sucesso é remanescente e uma nova versão entrou em produção no Japão em 2004.
“Oitavo Homem”
Nome no Brasil: “O Oitavo Homem”
Nome no Japão: “Eito Man”
Data de estréia no ocidente: 1966
Data de estréia no Japão: 1963
Criação: Kazumasa Hirai/ Jiro Kuwata
Exibido pela Rede Globo no Brasil, a série se tornou animação no Japão após o estrondoso sucesso do mangá de Kazumasa Hirai e Jiro Kuwata, em 1963. Mais do que isso foi considerado um dos animes mais complexos e misteriosos da época, acarretando milhares de fãs. Ainda hoje, é possível encontrar sites americanos, brasileiros ou japoneses feitos por fãs sobre as aventuras do herói.
A animação de “O Oitavo Homem” ainda vem com uma lenda: a dublagem americana supostamente teria sido feita sem qualquer tipo de tradução. O suposto tradutor simplesmente assistia as cenas e colocava os diálogos do modo que quisesse ou que achava ser o certo. Acreditar nessa hipótese, porém, é meio inválido, já que o roteiro americano é muito parecido com o original japonês.
A qualidade da animação é variada, mudando de episódio para episódio. Enquanto alguns roteiros eram extremamente elaborados (quase que todos retirados do mangá), outros eram mais bobos e infantis.
“O Oitavo Homem” conta a história de um robô com mente humana provinda de um detetive morto em um assassinato por uma quadrilha de gângsteres. Por causa desse novo corpo, ele é capaz de fazer várias coisas como correr em supervelocidade, força incomum, visão infravermelha, entre outros poderes especiais.
Como todo bom herói, o “Oitavo Homem” é cheio de inimigos e enfrenta o mal, principalmente mafiosos e gângsteres. Nos Estados unidos e Japão, os episódios de “Eito Man” podem ser adquiridos em DVD (e até algumas versões em VHS). O sucesso dessa série foi tanto, que os criadores do americano “Robocop” se inspiraram claramente no personagem japonês para construir sua trama.
“Visitantes do Espaço”
Nome no Brasil: “Três Espaciais”
Nome no Japão: “W3 - Wonder 3”
Data de estréia no ocidente: 1969
Data de estréia no Japão: 1965
Criação: Osamu Tezuka
Sob as ordens do Controle Galáctico, uma nave espacial pousa na terra trazendo três extraterrestres. Eles são os visitantes do espaço (três maravilhosos, na versão em japonês) e estão na Terra para saber se o planeta dos humanos é ou não uma ameaça ao resto da galáxia (devendo ser destruída se caso confirmassem a hipótese).
Assim que chegam, o trio suga três animais através de um grande aspirador embutido na nave e resolvem usar a aparência deles para disfarçar suas identidades. Capitã Boko (Bonnie), a líder da equipe, se transforma em um coelho enquanto Lieutenant Zero se transforma em um pato e Corporal Ronnie se transforma em um cavalo.
Cada um tem um tipo de personalidade e na Terra vivem diversas aventuras. O garoto Shinichi Hoshi é o único que sabe do segredo do trio e sempre chama o irmão mais velho, que faz parte de uma organização secreta, quando entra em perigo.
Os visitantes do espaço passam relatórios freqüentes ao seus superiores informando dados da Terra e seus habitantes. No decorrer dos episódios, a Liga Galáctica vota por destruir a terra, mas o bom coração de Shinichi faz com que eles mudem de idéia (recebendo até mesmo a ajuda do trio).
A concepção de “Visitantes do Espaço” veio da mente brilhante de Osamu Tezuka e rendeu 52 episódios, divididos em apenas uma temporada. Com exibição pela TV Tupi (versão americana), o anime fez um relativo sucesso nas manhãs da emissora e foi trazido ao país no fim dos anos 60.
“Tarô Kid “
Nome no Brasil: “Tarô Kid”
Nome no Japão: “Skyers 5”
Data de estréia no ocidente: --
Data de estréia no Japão: --
Numa época em que os animes tinham muitos episódios, “Tarô Kid” não passou dos 39 e sua repercussão foi pouca em relação a fenômenos como os desenhos de Osamu Tezuka ou o “Oitavo Homem”.
Tratava-se de um anime de espionagem e suas aventuras lembravam muito as do pioneiro James Bond. A história era sobre 4 agentes secretos que representavam naipes do baralho e eram liderados por um inteligente professor. Tarô Kid era o Ás de espadas, Sayuri o Ás de Copas, Sansão o Ás de Ouros e Poka, o Ás de Paus.
Como o próprio nome diz, Tarô Kid era o protagonista das aventuras e além de um veículo todo equipado, também tinha uma base secreta. Além disso, ele não usava armas normais e sim cartas do baralho. Seus inimigos: pessoas que queriam dominar o mundo, não necessariamente vilões fixos.
“Tarô Kid” foi a primeira animação japonesa a ser exibida na Rede Record e tem produção da TCJ (Dentsu).
Nome no Brasil: “Samurai Kid”
Nome no Japão: “Shonen Ninja Kaze No Fujimaru”
Data de estréia no ocidente: --
Data de estréia no Japão: --
Uma das maiores curiosidades desse anime é que apesar dele ter sido criado por Sanpei Shirato, a animação é de Hayo Miyazaki, que mais tarde viria a se tornar o gênio do cinema japonês (dono de filmes como “Princesa Mononoke”, “A Viagem de Chihiro” e “O Castelo Animado”).
Foi uma das primeiras animações japonesas a serem transmitidas no Brasil com uma história um pouco mais complexa do que as habituais e apesar disso, o número de telespectadores das aventuras do pequeno ninja era absurda.
Fujimaru é um pequeno garoto com poderes sob o elemento Vento e foi levado dos braços de sua mãe por uma águia quando ainda era pequenino. Depois do seqüestro, a águia é morta por Sasuke, o ninja que mais tarde viria a se tornar mestre de Fujimaru nas artes marciais.
Crescido e experiente em lutas, Fujimaru parte na busca pela sua mãe perdida (que também o procura desde que ele foi raptado) e encontra diversos aliados, além de alguns inimigos que buscam o manuscrito do Livro de Ryuen, em posse do pequeno ninja. Durante os episódios, ninguém sabe o porquê dos inimigos se interessarem tanto por este item até que Fujimaru reencontra sua mãe e o grande segredo sobre ele é revelado.
“Samurai Kid” foi produzido pela Toei e está no coração dos fãs até hoje (sites brasileiros espalhados pela Internet são encontrados aos montes), sendo exibido tanto pela TV Tupi quanto pela Rede Globo em épocas diferentes.
fotos: divulgação
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Gigantor entra em ação em cena do anime, ainda em branco e preto |
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Shotaro Kaneda e o Homem de Aço em desenho de divulgação |
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Pequena união de cenas da animação de "O Oitavo Homem" |
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Trecho da abertura japonesa de "O Oitavo Homem" |
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Os personagens de "Visitantes do Espaço" ou "Três Espaciais" entram em cena |
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Shinichi Hoshi e dois dos visitantes do espaço disfarçados: Capitão Boko (o coelho) e Corporal Ronnie (o cavalo) |
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"Tarô Kid" ou "Skyers 5": traços semelhantes a Speedy Racer |
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Personagens de Tarô Kid em cena do anime |
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O ninja Fujimaru |
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Trecho de "Samurai Kid", exibido pela Rede Globo |
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Fujimaru a cores |
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