Imagens: Shutterstock/Arte de João Simões |
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EFEITO MCGURK: se você assistir a um vídeo de alguém pronunciando repetida e silenciosamente a sílaba “ga” enquanto ouve uma gravação da mesma pessoa dizendo a sílaba “ba”, vai ouvi-la pronunciando “da”; a pronúncia silenciosa de “ga” muda a percepção da sílaba audível “ba” porque o cérebro integra o que vemos e ouvimos
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Nossa capacidade de compreender a fala é diminuída se não observamos os lábios do interlocutor, especialmente em ambientes barulhentos, ou quando o falante tem sotaque acentuado. Aprender a perceber a fala não só com os ouvidos, mas também com os olhos, é parte do desenvolvimento típico da comunicação. Por isso bebês cegos – que não conseguem ver a boca dos interlocutores ao redor – muitas vezes demoram mais que as outras crianças para apreender certos aspectos da fala. O fato é que simplesmente não conseguimos deixar de “integrar” as palavras que vemos nos lábios dos outros com o som que captamos. Recentemente, pesquisas sobre essa percepção multissensorial ajudaram a trazer uma pequena revolução para a compreensão científica de como o cérebro organiza as informações recebidas.
Um dos exemplos mais antigos e consistentes de percepção multissensorial é conhecido como o efeito McGurk, relatado pela primeira vez por Harry McGurk e John MacDonald em 1976. Se você assistir a um vídeo de alguém pronunciando repetida e silenciosamente a sílaba “ga” enquanto ouve uma gravação da mesma pessoa dizendo a sílaba “ba”, vai ouvi-la dizendo “da”. As sílabas silenciosas “ga” mudam sua percepção das sílabas audíveis “ba” porque o cérebro integra o que o corpo ouve e vê. Um fato curioso é que o efeito McGurk funciona em todos os idiomas e continua a funcionar, independentemente do número de vezes que a pessoa tenha participado do experimento.
Você pode saber mais sobre percepção multisensorial na matéria
Olhos para ouvir, ouvidos para ver, da
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